05 abr Tricologista explica como evitar e lidar com a queda de cabelo
A queda faz parte do ciclo natural do cabelo, mas, em alguns casos, a intensidade pode ser um problema e até indicativo de alguma outra condição mais séria. É aí que entra a tricologia médica, que é o estudo das doenças que afetam o cabelo e o couro cabeludo.
A especialidade é de domínio dos dermatologistas e, segundo a Dra. Juliana Cabral, tricologista da Clínica Inderma, deve ser buscada sempre que a queda dos fios permanece intensa por cerca de dois ou três meses. Confira abaixo a entrevista completa que fizemos com a médica.
Ela esclarece as dúvidas mais frequentes sobre o tema e dá informações importantes para evitar que a queda persista ou se torne irreversível.
1 – Até que ponto a queda de cabelo é normal? Como se nota que os níveis já são anormais?
A perda ocasional de fios de cabelo é normal. Nós temos uma queda de 60 a 100 fios por dia. Isso é apenas uma troca – do cabelo velho para o cabelo novo. Mas quando a pessoa vê uma quantidade maior de fios nas mãos ou no ralo do chuveiro depois do banho, ou na escova após pentear os cabelos e essa queda aumentada permanecer por mais de dois, três meses, o melhor é buscar logo um profissional habilitado para avaliar as causas.
2 – Que exame é feito para identificar o problema?
Além de uma boa anamnese do paciente na busca por uma causa temporal, como cirurgia recente, fatores fisiológicos ou até psicológicos que também podem influenciar, na consulta é realizado um teste de tração, o pull test. São puxados montinhos de cerca de 200 fios, com uma tração de leve a moderada e, se saem mais de dois fios, há indicativo de uma queda maior que o normal. Também podem ser feitos a tricoscopia e o fototricograma, exames que permitem observar com mais detalhes aspectos importantes dos fios e do couro cabeludo.
3 – Quais as principais causas da queda de cabelo?
Além das causas geneticamente determinadas e o próprio processo de envelhecimento, o estresse físico, químico ou psicológico são as principais causas. No físico, entram a realização de cirurgias, tratamento de doenças graves, doenças do couro cabeludo, distúrbios hormonais, quadro de anemia ou doenças crônicas como colagenose e hipotireoidismo. O estresse psicológico como a perda de um ente querido, procedimentos químicos, como alisamentos feitos sem respeitar os intervalos necessários, dietas muito restritivas ou uso de hormônios para promover a forma física também podem ser causa de uma queda capilar aumentada.
4 – A alimentação tem algum impacto no problema?
A deficiência de algumas vitaminas, proteínas, zinco e principalmente do ferro podem gerar danos ao cabelo e aumento da queda. Quem faz uma dieta vegana, por exemplo, precisa suprir a necessidade de proteínas com proteínas vegetais. Dietas para emagrecimento com níveis muito baixos de calorias também podem desencadear a queda maior dos fios.
5 – Lavar os cabelos todos os dias causa ou acentua a queda?
Não. Apesar de ser notado no banho o maior desprendimento dos fios que já estão prestes a cair, a lavagem em si não é a causa do problema. A lavagem tem que ocorrer na frequência usual pra cada tipo de cabelo, se oleoso, seco, fino, quimicamente tratado, etc.
6 – E prender os cabelos ou passar muito as mãos?
Passar muito as mãos não leva à queda, mas pode causar mais quebra. Já prender o cabelo, se ocorrer diariamente e com uma tração muito grande, pode, com o passar dos anos, levar a uma queda aumentada.
7 – Quais os riscos de realizar tratamentos caseiros ou usar medicamentos por conta própria?
Primeiro risco é não melhorar. Se demorar a buscar ajuda profissional, o diagnóstico da doença que, eventualmente, é causa da queda pode não ocorrer no tempo necessário para que as sequelas sejam evitadas, como a formação de fibrose no caso de Alopecias cicatriciais. Segundo risco é agravar a condição, pois alguns desses produtos podem piorar a irritação do couro cabeludo ou os danos nos fios.
8 – Quais são os principais cuidados para minimizar o problema?
Alimentação equilibrada, bons cuidados com o cabelo e o couro cabeludo, respeito ao intervalo entre as químicas e a temperatura de alisamentos por escova ou chapinha e, inclusive, diminuir a frequência entre os procedimentos. Tentar criar válvulas de escape para os estresses do dia-a-dia também ajuda. E buscar um dermatologista quando a queda capilar passar de três meses, se houver diminuição do “rabo-de-cavalo” , visualização do couro cabeludo por entre os fios ou presença de lesões, coceira ou ardor no couro cabeludo.