Endocrinologista alerta para efeitos do uso irregular dessas substâncias

Endocrinologista alerta para efeitos do uso irregular dessas substâncias

Promessas de efeitos rápidos e resultados milagrosos são muito comuns na indústria da beleza e, na busca do corpo perfeito, diferentes tipos de hormônios têm sido usados com frequência. Entre eles, estão a testosterona (conhecida como hormônio masculino) para ganho de massa muscular, T3 (um dos hormônios da tireoide) e HCG (conhecido como hormônio da gravidez) para perda de peso.

O que muita gente não sabe é o quanto esse uso pode ser prejudicial e desencadear desde problemas estéticos até disfunções do sistema endócrino. O alerta é da Dra. Gabriella Mendes, endocrinologista da Clínica Inderma.

A utilização da testosterona, por exemplo, pode levar ao aumento da quantidade de pelos, alteração da voz, até complicações hepáticas e cardiológicas. Nas mulheres, há ainda a possibilidade de aumento do clitóris e de desregulação do ciclo menstrual. Nos homens, o uso da testosterona artificial leva o corpo a diminuir a produção natural, podendo levar a uma deficiência hormonal quando a pessoa para o uso.

Já o HCG, apesar de aprovado no Brasil para tratamentos de fertilidade, pode oferecer riscos à saúde quando utilizado com o objetivo de perda rápida de peso. Segundo os estudos mais recentes, o hormônio em si não emagrece, mas sim a dieta restritiva normalmente associada a ele. Por outro lado, ele pode ocasionar dor de cabeça, irritabilidade, depressão, tromboembolismos arteriais ou venosos e hiper-estimulação ovariana.

Por sua vez, o uso não médico do Hormônio de Crescimento (GH), também utilizado irregularmente para melhorar força e estética, pode desencadear alterações nas taxas de glicose e retenção de água. Essas condições podem causar inchaço, dores articulares ou musculares, formigamentos de extremidades (geralmente relacionados com a síndrome do túnel do carpo), além de reações alérgicas e, segundo alguns estudos, até mesmo a ocorrência de alguns tipos de câncer.

Uma outra alternativa que tem sido bastante utilizada é o T3 (Triidotironina). A prática, entretanto, é de grande risco, pois pode levar ao desenvolvimento de doenças da tireoide. Além disso, o excesso do hormônio tireoidiano pode desencadear arritmias graves, como a taquicardia supraventricular, além de osteoporose precoce, perda de massa muscular e mesmo quadros psiquiátricos em pessoas com predisposição.

Além de tudo isso, a Dra. Gabriella adverte que “sem a devida reeducação alimentar, ao parar o uso dessas substâncias o efeito sanfona é inevitável”. “Os hormônios são essenciais para o nosso organismo mas só devem ser suplementados quando há deficiência e indicação médica, sempre com a devida avaliação dos riscos e benefícios”, finalizada a endocrinologista.