Dermatologista responde as principais dúvidas sobre a psoríase

Dermatologista responde as principais dúvidas sobre a psoríase

Recentemente, a empresária e celebridade Kim Kardashian publicou sobre o incômodo gerado pela psoríase, uma doença de pele que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. A americana levou o problema para o debate público, contribuindo, inclusive, para a diminuição do estigma em torno da doença.

Segundo a médica Camila Gavioli, dermatologista da clínica Inderma, muitos pacientes que sofrem com a psoríase sofrem também com o preconceito das pessoas ao redor, que acham, por exemplo, que a condição é contagiosa – o que não é verdade. Ela esclareceu as dúvidas mais comuns sobre a doença, incluindo as principais causas e tratamento. Confira a entrevista:

1. O que é a psoríase?
A psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele e das articulações, que apresenta períodos de acalmia e de exacerbação. Ele se manifesta com lesões elevadas avermelhadas recobertas por escamas branco-prateadas e aderentes, de tamanhos variados, desde alguns milímetros até vários centímetros.

2. O que leva ao surgimento do problema?
A psoríase ocorre por uma inflamação na pele que leva a uma aceleração da proliferação das células cutâneas. Isso é gerado pela predisposição genética associada a fatores desencadeantes ou agravantes, como trauma cutâneo (como machucados ou arranhões), infecções (de garganta ou de ouvido), medicações (antidepressivos, betabloqueadores, anti-inflamatórios), tabagismo, alcoolismo e estresse emocional.

3. Então, há certa influência da genética?
Sim, a predisposição à psoríase é geneticamente determinada. Até 30% dos pacientes com psoríase apresentam algum familiar afetado. O início antes dos quinze anos correlaciona-se, frequentemente, a casos familiares.

4. Em que áreas do corpo ela tende a aparecer?
A psoríase tende a aparecer, geralmente, de forma simétrica, em áreas de traumas constantes na pele, como cotovelos, joelhos, região pré-tibial, couro cabeludo, palmas e plantas e região sacra. As unhas também podem ser acometidas pela doença.

5. Ela acomete igualmente homens e mulheres? Existem grupos de risco?
A psoríase é uma doença de pele bastante comum na prática clínica e acomete igualmente homens e mulheres. Os principais grupos de risco são os pacientes portadores de doença inflamatória intestinal, obesidade, hipertrigliceridemia, hiperglicemia, alcoolistas, tabagistas, e pacientes com Doença de Crohn (DC).

6. Como ocorre o diagnóstico?
O diagnóstico da psoríase é clínico, baseado na história do paciente e no quadro dermatológico. Nos quadros duvidosos, pode ser necessária a realização da biópsia da lesão da pele. É importante que o paciente seja avaliado por um especialista pois outras dermatoses podem se assemelhar à psoríase como as micoses, eczemas, quadros alérgicos e infecciosos.

O paciente com psoríase também deve ser avaliado quanto ao acometimento das articulações, uma vez que a doença pode gerar quadros de artrites em até 30% dos casos.

7. Existe a alguma chance de contágio?
A psoríase não é uma doença contagiosa, por isso, não é transmitida pelo contato físico ou pelo toque. Da mesma forma, as escamas que se desprendem do paciente e algumas vezes ficam no ambiente não possuem agentes infecciosos e não apresentam nenhum risco de contágio. O paciente pode frequentar áreas de lazer e piscinas normalmente. Além disso, deve ser acolhido pelos amigos e familiares, pois muitas vezes sofrem preconceito pela doença.

8. Alterações emocionais têm algum impacto?
Muitos pacientes percebem o desencadeamento ou piora da psoríase concordante com período de estresse ou ansiedade.

9. Questões ambientais, como exposição ao sol, também impactam no problema?
A exposição solar apresenta efeitos anti-inflamatórios, por isso, os pacientes com psoríase se beneficiam dela. Não é necessário um tempo prolongado de exposição, sendo 10 a 15 minutos suficientes para a melhora do quadro.

10. Qual o tratamento?
O tratamento da psoríase depende da forma clínica da doença, idade, da gravidade e extensão das lesões. Além do benefício da exposição solar controlada, é preciso evitar a manipulação e a escoriação das lesões, já que o trauma cutâneo pode gerar o aparecimento de novas lesões. Também pode haver piora da doença pelo uso de determinadas medicações, como alguns antidepressivos e anti-inflamatórios, e pelo tabagismo e alcoolismo.

Quadros clínicos mais localizados podem ser tratados com medicações tópicas, como as pomadas ou cremes de corticosteroides, coaltar, calcipotriol, antralina, tacrolimus, hidratantes e emolientes. Nos quadros mais extensos, a primeira opção de tratamento é a fototerapia, que é realizada em cabines de banhos de luz, UVB ou PUVA. Em casos graves ou que não respondem à fototerapia, pode ser necessário o uso de imunossupressores sistêmicos ou tratamentos injetáveis (imunobiológicos).

Todo o tratamento de psoríase deve ser realizado com supervisão de um médico dermatologista e jamais por meio de automedicação.