Dermatologista esclarece diferenças entre os vários tipos de filtros solares

Dermatologista esclarece diferenças entre os vários tipos de filtros solares

Muito se fala sobre a necessidade do uso diário do filtro solar, sobretudo para prevenção do câncer de pele e do envelhecimento precoce. Mas que produto pegar na prateleira quando a gente chega na farmácia ou supermercado e se depara com a gigantesca variedade disponível?

Há desde diferenças mais comuns, como a nomenclatura e o Fator de Proteção Solar (FPS), a outros mais desconhecidas, mas muito importantes, como a composição que separa filtros químicos e físicos. Há ainda aqueles com cor de base, para o rosto, para o corpo, para crianças.

Quer garantir a escolha mais adequada? Confira abaixo a entrevista com a Dra. Barbara Uzel, da Clínica Inderma, que esclarece as principais dúvidas sobre o assunto.

1 – Existe diferença entre filtro, protetor e bloqueador solar? Como escolher?

Não existe nenhum produto de proteção solar capaz de bloquear completamente o sol, por isso, o termo bloqueador é errado. Quanto a filtro ou protetor, não existe qualquer diferença além do nome. Na hora de escolher, então, o termo em si não importa.

2 – Qual FPS é indicado? O número varia conforme o tipo de pele?

Em critérios gerais, um filtro de fator 30 é suficiente. Mas, para pessoas que tem manchas ou doenças fotossensibilizantes, é importante que a proteção seja maior. Pessoas com a pele mais clara também precisam de uma maior proteção.

3 – Vale a pena pagar mais pelos produtos com FPS maior?

Vale sim. Pelos estudos científicos, um filtro solar com fator 30, em geral, é suficiente. O problema é que a quantidade que as pessoas costumam passar é muito menor do que o que é testado em laboratório, do que é o ideal. Por isso, um filtro 30, se não aplicado em quantidade suficiente, pode ter a efetividade de um PFS 8, por exemplo.

4 – Deve-se ter algum cuidado especial na escolha do filtro para crianças?

É importante que o filtro seja físico, para evitar a absorção das substâncias e principalmente alergias. É indispensável também o uso de roupinhas, chapéus e óculos, além de priorizar locais com sombra.

[Filtros físicos não reagem com a pele e são formados por compostos minerais que refletem os raios solares. Já os filtros convencionais protegem a pele absorvendo os raios solares através de componentes químicos.]

5 – E para o rosto? Pode ser utilizado o mesmo do corpo?

Como, na maioria das vezes, a pele do rosto é mais oleosa do que a do corpo, o ideal é utilizar um filtro específico, já que os produtos para a face levam em conta questões desse tipo. Além disso, no rosto costumamos ter mais lesões, como manchas, e os filtros solares faciais, idealmente, têm cor de base. Os filtros solares que possuem pigmento protegem mais.

Pessoas que tem manchas, melasma, lúpus ou que usam remédio para acne, por exemplo, precisam de uma proteção maior e, por isso, o ideal é que utilizem filtro solar com pigmento.

6 – Quais componentes deve-se buscar ou evitar na fórmula desses produtos?

O importante é que eles sejam hipoalergênicos e, especialmente, que não contenham paba (ácido paraminobenzóico).

7 – Protetores solares manipulados são seguros?

Em tese, eles são seguros sim, já que as farmácias de manipulação passam por autorização e fiscalização da vigilância sanitária para que tudo seja feito corretamente. No entanto, os filtros solares manipulados costumam ser mais instáveis do que os prontos. Em geral, só se busca o manipulado quando o paciente realmente precisa de uma formulação muito específica, que não existe pronta no mercado.

8 – Alguns compostos químicos frequentes em filtros solares, como oxibenzona e octinoxato, têm sido proibidos em várias partes do mundo por receio de que possam ser prejudicais à vida marinha. Entretanto, entidades, como a Academia Americana de Dermatologia, são contrárias às restrições por considerarem os ingredientes necessários para proteção de amplo espectro. Qual a sua opinião?

Essa é uma questão bastante polêmica porque a maioria dos filtros solares contêm essas substâncias. Em algumas sessões no último encontro da Academia Americana, essa questão foi discutida, mas não há um consenso.

Há estudos que apontam que a avobenzona afeta os corais e a vida marinha, chegando a ser proibida em locais, como o Havaí, mas outros pesquisadores afirmam que o responsável pela morte dos corais seria o aquecimento global. Neste momento, não há uma posição definitiva, é preciso mais estudos para isso.

De qualquer forma, a ideia é que se use cada vez mais filtros solares físicos, que não interajam com a pele e não afetem o meio ambiente. E como também deve ser uma preocupação de todos que o meio ambiente seja preservado, a indústria precisa evoluir nesse sentido.